sábado, 17 de novembro de 2012

Vozes


Sim, o que quereis de mim, oh musas?
Falai mais alto, que a TV está ligada.
Falai mais alto, ou chegai mais perto,
E lambei meus ouvidos enquanto sussurrais vossas tão belas maldições...
Musas, que dizeis? Que dizeis de mim, ou das árvores e dos campos,
Ou de todas as coisas que permeiam meu mundo?
Calíope, sólida e eloquente,
que tens a me dizer de meu futuro?
Clio, conhecedora de todos os segredos e de nenhum mistério,
qual o motivo de minha condenação?
Erato, doadora dos prazeres,
que sabes de meu amar e daqueles que me amam?

Ai, musas gregas, musas minhas, porque me torturais com essa Verdade distante

Se sabeis que não vos posso alcançar de onde me encontro?
Deixai-me em paz,
Ou deixai que eu vos abrace,
mas não me tentem assim...
Musas, que dizeis? Que dizeis de mim, ou dos homens e das crianças,
Ou de todas as coisas que meu mundo permeia?
Euterpe, magnífico deleite,
que notas o meu peito está a ouvir?
Melpômene, com seu riso desmedido,
por que choras por mim?
Polímnia, guardiã dos mistérios,
que grandezas sei?

Ai, porque viestes a essa hora, oh musas,

Se sabeis que não posso atende-las,
E o meu tempo está no fim?
O quarto está aceso, os carros passam ao longe,
E aproxima-se a hora do jantar...
Musas, que dizeis? Que dizeis de mim, que dizeis de mim,
Ou de todas as coisas que sou?
Tália, de riso florido,
qual é a graça?
Terpsícore, rodopiante e delicada, 
como faço para não cair?
Urânia, coroada de estrelas, 
onde estou, afinal?

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