quarta-feira, 16 de junho de 2010

São Bernardo

Meu coração é um touro cravejado
de espadas que toureiros e toureiras
enfiaram, de todas as maneiras,
no coração. Meu coração é gado

de quase duas mil vacas leiteiras
mais um touro reprodutor cansado
de cruzar pra viver. Por outro lado,
meu coração é tudo que tu queiras.

Se me falta culhão pra que eu mantenha
uma imagem perfeita, seu eu sou bardo
de calçada, infantil, pequeno, insosso,

é porque minha voz caminha prenha
da embriaguês. Se eu sou um São Bernardo,
meu coração é o rum em seu pescoço.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Poema Etílico nº 6b
(a Julia Pastore)


Ali,
onde pétalas de rosas mortas
ardem em um cinzeiro
abandonado
como o fim de um cigarro
ainda aceso,

O mel
sangra.

E o sangue do mel
não é doce.
Ao contrário,
carrega o pânico orgástico
de um poema por terminar,
de uma vida
captada aleatoriamente
sem início e fim definidos
ou definidores.

Mel.
Fossilizado em braço
de mulher
como se tatuagem
não fosse.