(...) porque há mais Poética em uma garrafa de champanhe barato do que em 365 poemas feitos ao longo de um ano;
porque a Poética é só isso: um nome. Exceto quando é um verbo ou um conectivo;
porque, enquanto todas as outras formas de arte se instauram no concreto (sons, cores, formas), dele instaurando significados, a Poética cria sentidos a partir da linguagem, ou seja, a partir daquilo que já é formador de sentido, ou seja, revelando o humano a partir do próprio humano, ou seja, toda poética é uma metapoética;
porque uma garrafa de champanhe barato pode se chamar Poética e, apesar disso, gerar todo um pensamento psico-mito-filosófico sobre arte e álcool independente da existência de Dioniso;
porque escrever atrai mulheres, mas escrever bem atrai somente as melhores;
porque apenas 10% do tempo da escrita é gasto desenhando letras no papel;
porque esta é a parte fácil;
porque Ricardo Reis nos fala “para ser grande sê inteiro: nada / teu exagera ou exclui” ;
porque Fernando Pessoa exagera e exclui tudo de si o tempo todo e é ainda maior;
porque o Lemos bebe pra caralho;
porque eu nunca terei um filho. Mas terei outros;
porque em uma loja de conveniência em Nova York no fim dos anos vinte o jovem Isaac não conseguia saciar sua sede de leitura, apesar de ter esgotado o acervo da biblioteca, e passou a escrever suas próprias histórias, sem saber que, anos depois, essas mesmas histórias fariam parte do Acervo da Biblioteca de Nova York;
porque só agora eu entendi qual é a desse poema que eu estou fazendo;
porque, segundo Chaplin, “o humor pode ser tudo, até mesmo engraçado”;
porque Caetano Veloso existe;
porque é o que eu sei fazer melhor e, ainda assim, é o que eu mais amo;
porque contentar-se é contentar-se com pouco; (...)
maneiro, cara! acho que eu já conhecia esse teu poema.
ResponderExcluirah, sim, já ia me esquecendo: feliz natal.
te tirei no amigo oculto, e deixei teu presente com a ju.
ho ho ho