segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O Quinto Elemento

O Exótico Oriente
dá ao quinto elemento o nome de
madeira.

Intui que as forças vitais
são tão inerentes ao mundo,
tão definidoras do mundo,
quanto as outras quatro

(Por outro lado, dão ao
ar
o nome de
metal
ainda que este só se assemelhe aos sussurros
ao assumir a forma da lâmina,
letal apesar de invisível,
letal porque invisível).

Mais próximo e mais distante,
o Japão chama o quinto elemento de
vazio
Chamam-no assim porque ele é a junção de todos os outros
e, como soma,
é indiscernível, incontornável, indefinível.

Mais próximo ainda
(e proporcionalmente mais distante)
a Tradição Mística Europeia se fixa nos
quatro elementos clássicos
recusando-se, porém, a se limitar a esses quatro.
Seus pentagramas não permitem.
Contaminados, contudo,
por um platonismo tão ingênuo quanto cristianizado,
os europeus se viram obrigados a criar, do nada
- não do vazio -,
um elemento ideal, implacável e insondável.

A este elemento
(cuja importância foi crescendo gradativamente
até que se sobrepusesse aos outros,
até que arriscasse a existência dos outros,
até que fosse alcançado - e descartado como inexistente)
a Tradição Mística Europeia se refere como
Éter.

Agora, é Hollywood
(o que há de mais próximo - e de mais distante -
de nós exceto, talvez, nós mesmo)
quem diz, em cada uma de suas produções,
que o quinto elemento é o
Amor
ou, em sua tradução menos explícita, o
Coração
no que nos parece um clichê inominável
e é como tal que a maioria das pessoas o aceitam
ou rejeitam.
Não precisa ser assim.
No óbvio
(ainda mais do que em sua contraparte mais garbosa e respeitável,
o inevitável)
ainda se escondem a sabedoria infinita dos milênios
e nossos movimentos perpétuos de rotação e translação
(o movimento de revolução
se mantém, como sempre, como prerrogativa da Lua
e dos que a amam).




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