quinta-feira, 30 de julho de 2009

Poema Etílico nº 2

(A Rafael Nunes)


A cachaça é choro de deuses. Seja
de tristeza, alegria, dor ou fúria,
esse pranto nos traz o despudor
e uma liberação da consciência

que nos permite, assim, compartilharmos
daquilo que eles têm de mais humano.
Por um instante, tornamo-nos eternos!
Porém o mesmo instante, após o instante,

vem cobrar sua conta, e nos lembrar
de que é com ele o nosso acordo. Eis
a maldição dos deuses, eis a nossa:

somos instante; eles, eternidade.
Porém, maior será nossa coragem
- que deuses beberão as nossas lágrimas?

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