domingo, 28 de junho de 2009

Parando de fumar? [inclui .Um Cigarro. e .A vela Mágica.]

Pessoal, estou parando de fumar. Não sei como serão os próximos meses, se aguentarei firme sem colocar unzinho que seja na boca, se terei recaídas homéricas, se irei reduzir até níveis mais ou menos aceitáveis, ou mesmo se desistirei de vez e que se dane os meus pulmões. Quem sabe o que se esconde por dentro do manto do Destino? Sei que hoje sou alguém que está parando. Alguém que, como todos os que iniciam à vera uma luta contra o vício, não consegue pensar em outra coisa. Então, amigos, hoje coloco dois poemas que falam de que? Pois é. O primeiro é de 2005 ou 2006, acho, mais ou menos de quando eu estava começando (a escrever? a fumar?). O segundo já é de 2009, de um daqueles dias em que Destino (olha Ele aí outra vez) pisca o olho pra gente por motivos que nunca se tornam claros. Enfim, lá vão eles.


Um cigarro.


Aqui,
onde vaporosas linhas curvas
giram sem pressa,
criam formas artificialmente dionisíacas
e sobem, como um incenso ateu
que leva mudas orações para deuses surdos.

Aqui
onde uma fina folha de um papel branco
como o luto no oriente
envolve, silenciosamente,
as Cinco Mil Folhas,
ignorando por completo seu conteúdo
(e se o conhecesse não se importaria).

Aqui,
onde minha boca absorve
o incenço, absorve
as Cinco Mil folhas
e traga a vida para si,
dela extraindo profundidade
às custas da vastidão.



A vela Mágica.


Quando trago meu cigarro
sou eu quem se acende inteiro
pois trago no meu isqueiro
o fogo que acende o barro

e transcende a carne em vento
como o deus me prometeu.
O fogo de Prometeu
que traz o conhecimento,

a língua e o odor fantástico
da vida em estado agora,
é esse o fogo que mora
no meu isqueiro de plástico!

Porém, trago aqui um adendo
a todos seres que comem:
eu só empresto pra homem.
Pra mulher, eu mesmo acendo.

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