Um cigarro.
Aqui,
onde vaporosas linhas curvas
giram sem pressa,
criam formas artificialmente dionisíacas
e sobem, como um incenso ateu
que leva mudas orações para deuses surdos.
Aqui
onde uma fina folha de um papel branco
como o luto no oriente
envolve, silenciosamente,
as Cinco Mil Folhas,
ignorando por completo seu conteúdo
(e se o conhecesse não se importaria).
Aqui,
onde minha boca absorve
o incenço, absorve
as Cinco Mil folhas
e traga a vida para si,
dela extraindo profundidade
às custas da vastidão.
A vela Mágica.
Quando trago meu cigarro
sou eu quem se acende inteiro
pois trago no meu isqueiro
o fogo que acende o barro
e transcende a carne em vento
como o deus me prometeu.
O fogo de Prometeu
que traz o conhecimento,
a língua e o odor fantástico
da vida em estado agora,
é esse o fogo que mora
no meu isqueiro de plástico!
Porém, trago aqui um adendo
a todos seres que comem:
eu só empresto pra homem.
Pra mulher, eu mesmo acendo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário