Estar de costas é andar sempre encoberto.
Ser como um livro terminado e nunca aberto,
cartucho velho não se sabe de qual jogo,
o frio espesso que se esconde atrás do fogo.
Porque de costas todo choro é invisível,
todo contato é sutilmente inacessível.
Estar de costas sendo visto é nunca ver.
De costas, cada punhalada é pra valer.
De costas, tudo ao que se crê se sobrepõe
pois muito mais do que o que vai é o que já foi.
Estar de costas é o depois de despedida,
o caminhar sem nunca mais olhar pra trás,
o estar além (e aquém) das hostes dos mortais,
o nunca dar nem nunca receber guarida.
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